São pouco mais de 10hs da noite, e ele já se foi. Guerreiro, lutar, matar algum dragão, e então retornar pros meus braços e abraços.
O tempo passou rápido, e ontem, olhando pra ele, disse como que a gente imaginou que consegueria viver um sem o outro. Oh, isto é uma declaração de amor, ouviu?! Eu disse, risonha. Na verdade, não imaginamos.
E tudo segue delicado. Dormir tarde, acordar cedo. Horas a fio falando nada, uma viagem, silêncios placidos, sexo, brincadeiras, soninho na rede, piscina, tv, banho de banheira, conversa de botequim, vamos fazer dieta quando voltarmos, vamos isto, vamos aquilo... Ele vê o jogo e eu pinto as unhas de pink. Preparo uma lasagna e nem sinto que me transformarei numa mulherzinha. Cozinho com prazer, com deleite. Sem pressa ralo o queijo, colho majericão fresco da horta do meu tio, fujo das abelhas, preparo o molho com tomates de verdade, e então abro a caixa de creme de leito e faço o outro molho, bechamel, não tem noz moscada, tudo bem, vai sem. Tomo uma taça de vinho, ainda de biquini, quase 3 horas da tarde. Coloco até avental. Sem pensar o que estar na cozinha representa, o que... Ah, superego, vá pra puta que te pariu, ok?
Uma lagartixa entra no banheiro. Grito apavorada para o cavaleiro vir salvar a princesa da cidade grande, que tem pavor de lagartixa-dragão-de-comodo! Ele ri, deixa o q esta fazendo pela metade, e vem, rápido, heroi, me salvar. Agradeço e chamo ele de meu herói. Ele ri, acha minha cena patética, mas se infla, delira, e ri gostoso. E eu, nem percebo, mas ser frágil as vezes pode ser tão agradável...
Tudo só nós dois. Ali. Mais fácil abrir estes espaços longe da casa e das moradas conhecidas. Ali, longe dos outros, e de mim mesma e dele mesmo, mais fácil a vida fluir agradável, sem este tal fazer esforço para estar com vc. Estar porque estar é bom, é autêntico, espontâneo. Sem pressão, sem certo e errado. Sem. Um sem tão cheio de coisas nossas.
Na volta, a delicadeza continua a nos circundar. Carinhos, manha, muito sono pela manhã pra ficar um pouco mais com ele por perto - vem dormir comigo hoje? E ele vem, mais cedo, ainda tarde, mas vem, abraça, se aninha. Passa mal um dia, fica assustado e a gente combina que morrer não vale, só daqui muitos anos, ou então juntos, porque este feliz pra sempre tá tão gostoso agora!
E então hoje ele viajou, volta logo, domingo, bobagem, coisa rápida. E eu gosto quando ele sai. Gosto da quietude da casa, da bagunça só minha, de dormir cedo, de tomar cerveja sozinha no sofá, e adormecer por lá mesmo. Gosto. Mas gosto ainda mais da saudades, de esperar o telefone tocar, de ouvir a voz do outro lado, e de te querer de volta logo, assim, pra assistir ao Fantástico comigo, me encher de beijos-mãos-amassos-delícias, pegar minha garrafinha de água, me colocar na cama, boa noite, vem dormir logo?
E sem medo de ser ridícula, miei um fica, não vai. Ele derrete um minuto, diz que fica então. E daí, na porta me fala que volta logo. E eu penso, que na verdade, ele já voltou. Ou melhor: Nós já voltamos.
F. - ai, ai
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