segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

"I'm alright, don't be sorry, but it's true

When I'm gone you'll realize

That I'm the best thing that happened to you"


Milles Away - Madonna

Como são e a hora certa by Tati Bernardi

Eu li este texto e curti mto... eu ia publicar só uns trechos, mas resolvi colocar tudo. É de uma escritora que eu acompanha na net faz tempo, a Tati Bernardi.
Tomei a liberdade de grifar umas partes...
***
Como são e a hora certa
"Enquanto arrumo minha mala para viajar percebo que tenho um novo mantra. Talvez algo aprendido pra trás ou uma espécie de filosofia pra frente. Ainda não sei se tem aí algo de mágico ou apenas um espírito brega de final de ano, daqueles bem otimistas e tal. As calças e vestidos estão enormes pra mim, que emagreci muito esse ano, quero ficar chateada, mas penso que as coisas são como são. Daqui a pouco engordo de novo. Na hora certa. Tenho saudades dele. Uma chaminha de reter quer voltar. Um gelinho de doer quer voltar. Mas solto, deixo, vai, apago, derreto. As coisas são como são. Além do que, uma vida pela frente vai me dizer. Na hora certa. E então meu I-pod toca Led Zeppelin no último volume e eu me acabo de gritar e sentir a vida. Quem diria. Anos e anos ouvindo todos os namorados me xingarem porque eu simplesmente odiava essa banda e agora, do nada, esse amor, essa obsessão. Descobri o cara. E meu Deus como eu amo ele. Pelado, louco, com a voz de um anjo tarado. As coisas são como são. Na hora certa. E então olho o meu “Grande Sertão” completamente riscado e eu obcecada pelas citações. E quem diria. Quem diria. Ontem mesmo, conversando com vários amigos, eles me disseram que eu não mais parecia comigo. Eu pareço eu sim, mas vou ganhando o mundo quando abro algumas brechas da minha prisão. E de brecha, vou me ganhando também. E quase vira o estômago mas sou tomada por uma fome boa que eu nem sei o nome. Talvez acreditar assim, sem medo, em algo descontrolado e de alguma forma justo, seja acreditar em Deus. Durmo em paz. Tudo na hora certa. As coisas são como são. E quando recebo suas mensagens de texto, ao longe, dizendo meio que genericamente que deseja tudo de bom e sente saudade, fico com vontade de perguntar se aquele recado chegou só pra mim ou foi disparado para toda lista do celular. Mas me recolho. Uma minúscula e ainda baixa “vozinha” me diz que além dos meus textos eu tenho também muitos charmes, graças e belezas. Além dos meus espinhos eu tenho também muitas flores. E que sim, eu posso ser amada. Porque não ter alguém agora, agarrado aos meus pés, não significa não ser um calo persistente até mesmo em solas curtidas e acostumadas com a corrida. Descubro coisas terríveis e maravilhosas a respeito do amor. As coisas são como são. E na hora certa. Como diria Milan Kundera “o amor começa por uma metáfora. Ou melhor: o amor começa no instante em que uma mulher se inscreve com uma palavra em nossa memória poética”. Como diria João Guimarães “o que é doideira às vezes pode ser a razão mais certa e de mais juízo”. Como diria ou gritaria ou uivaria Robert Plant “Com apenas uma palavra ela consegue o que veio buscar.
 E ela está comprando uma escadaria para o paraíso”. As coisas são como são. Na hora certa. E foda-se."

Sobre o reconhecimento do intolerável by Ju Pacheco

Antes do ano acabar, fiquei com vontade de publicar este texto, de uma amiga.
Pra gente não esquecer.
E pra me ajudar a lembrar do que eu tenho fome.

Quarta-feira, 22 de Outubro de 2008

Sobre o reconhecimento do intolerável
"Minha nega me pediu um vestido
Novo e colorido
Pra comemorar
Eu disse: Finja que não está descalça
Dance alguma valsa
Quero ser seu par
E ao meu amigo que não vê mais graça
Todo ano que passa
Só lhe faz chorar
Eu disse: Homem, tenha seu orgulho
Não faça barulho
O rei não vai gostar"
(Chico Buarque - Ano Novo)
Quando comecei a grafitar, bolei um stencil que dizia
"O que você tem feito de você mesmo?"
Logo em seguida me veio a idéia de um bonequinho * bem tôsco, de cabeça baixa e tristonho e ele acompanhava o tal stencil. Logo quando acabei meu painel na Lapa saquei que queria que o meu bonequino dissesse também outra coisa:

Não finja que não é intolerável

Eu queria que ele dissesse isso. Ele, na verdade, quando perguntava "O que você tem feito de você mesmo?", queria principalmente lembrar daquilo que aparece como algo intolerável na nossa vida e que fingimos não perceber, toleramos. Muitas vezes, inclusive, investimos. Muitas vezes investimos no intolerável.

O intolerável se fez muito presente na minha vida muitas vezes. Acho que é assim com todo mundo. Mas a sensação de que era preciso parar de fingir que ele não existia só se fez gritante no começo deste ano. Eu já escrevi sobre isso aqui: um trabalho, uma coordenação intolerável, abusos, rompimento de contratos, humilhações, situações violentas em todos os sentidos.

Demissão. Foi preciso assumir o intolerável e denunciá-lo.

Acho que é sobre isso que queria falar aqui, hoje. Na realidade, é óbvio, sei que estou precisando relembrar em mim que é preciso parar de fingir que não é intolerável e denunciar. Acontece que denunciar o intolerável implica romper situações, relações, assumir riscos e construir outros caminhos. Muitas e muitas vezes toleramos o intolerável pelo medo do que virá depois da denúncia, o que perderemos, a que desconhecido teríamos que nos abrir após deixar de tolerar.
O intolerável não tem a ver com algo moralmente colocado como inaceitável. Não tem a ver com regras determinadas que são rompidas. O intolerável se mostra no corpo, nos efeitos que tem sobre o corpo. Cada um sabe o que lhe é intolerável porque seu corpo lhe diz, seu corpo sente. Sente a despotência que o intolerável lhe causa, o tremor, a sensação de desfalecimento, o entristecimento. O intolerável é a simulação de um campo de concentração da vontade e da alegria: as mata aos poucos.

Um dia postei uma aula de Deleuze sobre Espinosa aqui no blog e, nela, Deleuze dizia que a alegria é inteligente e nos faz inteligentes. Outro dia estava com uma sensação muito boa e de repente me dei conta que se tratava exatamente disso: depois de tanto buscar entender o que me faz alegre, o que me potencializa e, ao entender, poder ir buscar por experiências que vão neste caminho, é muito mais fácil pra mim perceber rapidamente o que me entristece e agir no sentido de dizer "não! é intolerável!!".

* Tem fotos deste tal bonequinho e do stencil aqui no blog, lá pelo mês de Maio.

domingo, 28 de dezembro de 2008

It´s high time to say Good-Bye

The Power Of Good-Bye - Madonna

Your heart is not open so I must go
The spell has been broken?
I loved you so
Freedom comes when you learn to let go
Creation comes when you learn to say no
Walk away

You were my lesson I had to learn
I was your fortress you had to burn
Pain is a warning that something's wrong
I pray to God that it won't be long
Walk away

There's nothing left to try
There's no place left to hide
There's no greater power than the power of good-bye

Your heart is not open so I must go
The spell has been broken?I loved you so
You were my lesson I had to learn
I was your fortress

There's nothing left to try
There's no place left to hide
There's no greater power than the power of good-bye
There's nothing left to lose
There's no more heart to bruise
There's no greater power than the power of good-bye

Learn to say good-bye
I yearn to say good-bye

sábado, 27 de dezembro de 2008

Rapidinhas para 2009

Que em 2009 eu saiba dar conta de acabar com os intoleráveis de 2008 - e de todos os anos anteriores a este - e também que eu saiba identificar de "bate-e-pronto" os intoleráveis novos - pq eles sempre aparecem o tempo todo - e sobretudo, que eu me fortaleça e tenha a coragem de assumir os riscos de romper com os intoleráveis e trazer pra junto de mim este infinito q se abre, qdo vc decidi romper com aquilo que é intolerável.

F.L. - i wish

Mais sobre o Entre

"Tenho tanto sentimento
que é freqüente persuadir-me
de que sou sentimental
Mas reconheço ao medir-me
que tudo isso é pensamento
que não senti afinal

Temos, todos que vivemos,
uma vida que é vivida
e outra vida que é pensada
E a única vida que temos
é essa que dividida
entre a verdadeira e a errada
Qual porém é verdadeira
e qual errada, ninguém
nos saberá explicar
E vivemos de maneira
que a vida que a gente tem
é a que tem que pensar”

Fernando Pessoa

Obrigada!

São por momentos e pessoas como estas, q muitas coisas valem a pena

Contra o Vício - Na Torcida - http://contraovicio.blogspot.com/2008/12/na-torcida-sempre.html

Contos de Fadas? - Pelo Singelo Direito de Sonhar - http://fadasemagos.blogspot.com/2008/12/pelo-singelo-direito-de-sonhar.html


F. L. - sendo bem cuidada

2008 - Work

2008 foi um ano cheio de coisas intensas, das muito boas, das nem tão boas assim, das ruins, das bem ruins...

Começou um ano bacana para a Fê-Psicologa, com a minha antiga coordenadora me convidando para substituí-la em suas férias, e daí estas férias foram se estendendo, estendendo... e no fim, ela acabou saindo do trabalho! E eu voltei a fazer o que fazia antes - atender - e passei alguns muitos meses tentando sair deste trabalho, q tanto aprendizado me rendeu. Aprendizado do que é ser psicóloga, do que é clínica, mas sobretudo, com toda a licença para ser piégas, o que é ser pessoa, o que é sobreviver à adversidades da vida tão malucas, e como é possível, diante de tudo isto, se re-inventar, e re-SER, como ouvi daquela minha paciente, de quem foi impossível dizer adeus sem lágrimas nos olhos. Agora encerro o ano de fato fora deste trabalho - assim espero, pq hoje, agora enquanto escrevo, sei q ainda faltam 3 visitas e muitos relatorios, rs...

De fora deste, iniciando um novo, numa clínica que só se fez conhecer em função do antigo trabalho. A tal clínica aonde as pessoas fazem reunião sem sapatos. Tudo muito no começo, mas com a perspectiva de poder desenvolver um trabalho bacana, cercada de gente bacana, o que, sem dúvida, faz toda a diferença.

E a Fê-Fotógrafa também teve um ano e tanto. Dia 05/01 já tinha casamento pra fotografar! E foi depois deste evento que eu tive certeza que trabalhava com a pessoa certa, "seu olhar é muito bonito, mas vc precisa melhorar a sua luz. Vem cá, vou te mostrar o cd do curso de flash e fotometria..." Poxa, ela podia ter chamado outra pessoa, mas ela decidiu apostar. E eu me senti amparada e estimulada. Estudei, comprei equipamento novo, levei a máquina para todos os lugares inimagináveis possíveis e encerramos 2008 sócias, cheias de planos, idéias, perspectivas...!

Na verdade, o grande aprendizado - se é que eu posso chamar de aprendizado - de 2008 foi habitar o entre. Esta terceira margem do rio, em que não existe Fê-Psicóloga OU Fê-Fotógrafa. Só existe , que horas é isto, horas é aquilo e pode ser tudo isto ao mesmo tempo, neste lugar-tempo que é o entre. Não há conforto no entre, há sempre uma tensão. E talvez seja justamente esta tensão que me mova e que movimente o motum perpetuo da vida mesmo.

F.L - Iniciando as retrospectivas

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Sobre baterias, carros e amores

+ ficcão

As malas estavam na porta. Ela olhava e não sabia se o momento era para rir, ou para chorar. A cena seria cômica, se não fosse trágica, como diz o dito popular. Cômico porque ensaiaram muito este momento, mas jamais ela pensou que o estopim seria algo assim. Bobo. Bobo, mas cheio de significados, ficou pensando.

Arriou a bateria do carro dela. Ele disse que trocaria, que ela não se preocupasse. Mas nada disto aconteceu. E então eles descobriram que não tinha sido só a bateria do carro que tinha se esgotado. A deles também. Punha-se a chave no contato e o carro não ligava, por mais desejo que tinham que aquele carro, sei lá, andasse mais uns 100.000km. Nada. Nem sinal.

O mecanico disse que até que tinha durado muito. Ela pensou, que ironia, realmente, até que tem durado muito mesmo. Geralmente, o mecânico continou, este tipo de coisa pifa com 1 ano e meio de uso. "A sra. deve cuidar muito bem do seu carro." Um hiato, porque cada palavra lhe remetia a esta brincadeira sem graça da vida, de transformar em metáfora, uma situação tão nua, tão crua e tão triste. Estava na hora de trocar a bateria deles. E ela sabia. Ele sabia. Não dava mais para usar um paliativo, como foi a sugestão dele, antes dela decidir chamar um mecânico para trocar de vez a bateria. Não dava mais.

E aí as malas estavam ali, na sala.

F.L. - seria cômico...

domingo, 14 de dezembro de 2008

Eu me mantei no chuveiro

Na esteira do adeus, um texto de ficcao...

Eu me matei no chuveiro

Eu me matei no chuveiro. Era anti véspera de natal e eu me matei no chuveiro. Não foi nada premeditado, apenas aconteceu. E eu so fui me dar conta quando ele abriu a porta do banheiro e eu vi seus olhos esbugalhados olhando meus pés roxos. A boca dele aberta, um grito, e eu nada ouvi. Naquela hora me dei conta que aquele pe roxo era meu. Era eu ali, pendurada na mangueira da mini ducha. Estava morta e ele gritava, mas já não ouvia mais suas preces. Parecia absorto em sei la que pensamentos. Que cena. Eu via tudo de perto, mas de longe ao mesmo tempo. Que cena.

Aos poucos o filme foi passando pela minha cabeça. Era anti véspera de natal e eu tomava uma ducha. A dor nas costas me dilacerava, e então sentei no chão do box e fiquei ali, passando a mini ducha pelas minhas costas. Quem sabe me senti-se melhor. Não estava deprimida, não estava maníaca, nunca consultei um psiquiatra. Acabava de entrar num novo emprego, comprar uma casa nova, um cachorro, trocar meu carro. Minha família me amava. E eu tinha um marido que me amava também: me amava assim como se ama uma santa e me comia, assim, bem assim como se come um bela de uma vagabunda! E tinha filhos também, dois. Adoraveis, iam bem na escola, obdientes, lindos. Ate tinham sido convidados para o comercial de final de ano do shopping. Um luxo so. O que mais poderia querer? Pois e, não sei. Alguma coisa estava fora da ordem e tudo, de fato, não parecia nem dark nem shinning. Parecia cinza.

Eu era mediocrimente feliz.

E daí, naquela hora no chuveiro, pensava em Mrs. Dolloway e as flores que ela precisava comprar. Entao olhei meus pés, minhas unhas vermelhas estavam lindas. A foto me pareceu maravilhosa e então tive a idéia. Vi a manchete do jornal e imaginei que Tarantino filmaria esta cena. A idéia foi me parecendo formidável aquela altura. Aqueles pés pedurados, já meio roxos, somente as unhas vermelhas, meu corpo nu, meio úmido, pendurado pelo fio da mini ducha. Achei a foto divina, cheia de bossa. Não me parecia trágico, depressivo, agressivo. Não me parecia. (Mas foi, eu sei) Pensei que poderia ser mais interessante se eu fosse uma junk qualquer. Ia ficar mais bonito com os olhos borrados daquele lápis preto que so quem e realmente junk sabe usar. Aquele banheiro sujo, a roupa preta pelo chão, e a mulher de lápis borrado e cabelos loiros cheios de raiz preta ali, de unhas vermelhas nos pés, ligeiramente descascadas, ali, inerte. Ia combinar mais do que meus pés de mulher comum que caminha pela vida de sapatilhas prateadas. Sem graça. Pensei em pegar uma garrafa de vodka. Tomaria um gole e deixaria no chão. Ia compor com a cena. Mas não seria eu. Desisti.

Mas a cena dos pés não saia da minha cabeça. Aqueles pés pendurados, roxos e de unhas vermelhas. Talvez quisesse matar so meus pés. Mas não dava. Se queria os pés roxos, tinha que fazer tudo. E eu delirava pensando nos meus pés roxos e em uma foto que pegasse so os meus pés roxos de unhas vermelhas. Não dava mais pra voltar a atrás.

Ele continuava la, inerte, olhando meus pés roxos, estático ele ali. A foto era agora mais bonita. Em primeiro plano seus ombros brancos e os cabelos negros dele. E em segundo, meus pés roxos de unhas vermelhas. Na altura dos olhos dele.

Deixei ele ali e comecei a me retirar. Estava na hora e eu não gostava de despedidas, nem de chegar atrasada. Deixei ele ali, de costas. Ao sair notei que boiva o tapete, os livros, os discos-e-nada-mais. Havia deixado a mini ducha aberta e um lago se formava por todo o apartamento. Um rio. Um vale de lagrimas, bem dramático, composto por todas as mediocridades pelas quais eu deveria ter chorado, me descabelado, me tornado uma junk cheiradora de cocaína, qualquer coisa assim. Mas não, eu não tinha coragem. E mediocridade não emociona ninguém. So aprisiona. E prisão não emociona ninguém, so em programas medíocres de TV medíocre. Mas era isto, so uma possa de água do chuveiro. Este era, que piada, meu rio de lagrimas. O rio das lagrimas que eu deveria ter chorado.

F. L – the dark side off the moon

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

My Dear Piece of me

Ela me disse uma coisa ontem e me lembrei de você na hora. Insight. Ela disse "quando a gente briga, parece mais fácil encerrar uma relação". E pois é, nós duas estamos encerrando um tipo de relação - analítica, terapêutica, e por que não dizer amorosa? - e não brigamos, ou concluímos que nossa história chegou ao fim, cumpriu sua função, se esvaziou, não faz mais sentido. Apenas - e neste caso, apenas é muita coisa - não podemos mais seguir juntas por questões que nos extrapolam.
Pois bem, me fez pensar em você, como eu disse - você sabe, o mundo me faz sempre pensar em você, neste você que eu inventei, quase meu amigo imaginário, um arquétipo, sei lá. Um você absolumente meu. Absolutamente eu.
Pensei que faltou brigar pra conseguir me livrar de você. Teria sido mais fácil. E pior, não brigamos e nem, você sabe, tinhamos de fato chegado ao fim. Encerramos antes da hora... Retiscências, porque foi antes de concebermos o tempo do fim, do pon-to-fi-nal. Ia acabar. Ia mesmo, não dúvide de mim. Falo sério. Mesmo eu e meu chiclete em você dentro de mim sei que acabaria. Tudo acaba.
Mas você antecipou tudo, e daí aí que difícil tirar você de mim, deus meu - tão meu quanto você! Adoro meus atos falhos quando falho em te dizer a-deus.
Por um tempo muito eu quis te ter novamente no meu DNA, só pra comprar um tarja preta qualquer e te destroçar. Como eu me senti com a sua partida, batida em retirada - tão deselegante! Mas daí ontem, quando ela disse isto sobre brigar, eu entendi o porque ou o aonde o laço não consegue se romper dentro de mim. E você sabe que não foi por falta de tentar, porque eu fiz de um tudo pra vc brigar comigo, me odiar. Mas você nada fez. E daí, quando eu não esperava mais, você fez. Assim, sem brigas, sem nada... Partiu, afirmando ainda me querer mais que um bem querer, dizendo que mesmo assim, tinha que partir. Aí, e daí? Daí você foi e ficou, ficou, ficou... e Fica! Uma droga este tal desligamento institucional, que ligou-se em tantas outras coisas... Agora eu queria te ter novamente pra poder te dizer adeus na hora do adeus. E ponto final.

F.L - eu não queria que fosse assim

domingo, 7 de dezembro de 2008

Ainda sobre dizer Adeus

Novamente
Clara Becker
Composição: Fred Martins / Alexandre Lemos

Me disse vai embora, eu não fui
Você não dá valor ao que possui
Enquanto sofre o coração intui
E ao mesmo tempo que magoa...
O tempo... o Tempo Flui
E assim o sangue corre em cada veia
O vento brinca com os grãos de areia

Poetas cortejando a branca luz
E ao mesmo tempo que machuca
O tempo.. me passeia...

Quem sabe o que se dá em mim?
Quem sabe o que será de nós?
O tempo que antecipa o fim
Também desata os nós..
Quem sabe soletrar " adeus "
Sem lágrimas nenhuma dor..

Os passáros atrás do sol...
As dunas de poeira...
O sol de anil no Pólo Sul,
A dinamite no Paiol...
Não há limites pra sonhar.. é quem nem sempre o amor
É tão azul...

A música preenche a sua falta...
e agora pela pauta desse amor
Se alinham pontos negros de nós dois
E arriscam uma fuga contra o tempo...
O tempo salta...

Quem sabe o que se dá em mim?
Quem sabe o que será de nós?
O tempo que antecipa o fim
Também desata os nós..
Quem sabe soletrar " adeus "
Sem lágrimas nenhuma dor...
Os passáros atrás do sol...
As dunas de poeira...
O sol de anil no Pólo Sul
A dinamite no Paiol...
Não há limites pra sonhar...
É quem nem sempre o amor...é tão azul...

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Sobre psicologia e nos na garganta

A psicóloga, não estas de filme, com cara de paisagem, sombra-rosa-e-sapatilha prata, mas a psicóloga da vida real, que antes de qq coisa é pessoa... bom, ela foi atender a paciente, que também não é estas de filme e clichês, mas sim uma pessoa, antes de ser paciente. E a psicóloga foi dizer a esta paciente que, após 1 ano e 2 meses de trabalho, todas as semanas, 2hs por semana, não poderá mais seguir atendendo a paciente pelo empresa que a contratava. Não poderá não porque o trabalho se encerrou, ou porque a paciente não quer mais e a esta mandando embora - como aconteceu com outros profissionais - nem porque a psicóloga não quer mais. Não poderá porque não pode fingir que não é intolerável e pactuar com uma empresa que remunera seus profissionais tão aviltantemente, muito menos com uma coordenação que crê que o modo mais cuidadoso de se avisar sobre o falecimento de algum paciente é via mensagem de texto. Não dá mais para, paciente e psicóloga, fingirem que estão dentro de uma bolha, a parte da instituição.
E porque o término é institucional, ele é dolorido por demais. E daí, a psicóloga-mto segura-da-sua-decisão foi informar a paciente que, através da empresa, não mais poderia acompanhá-la. E no meio da frase que ensaiou tanto, tantas vezes, engasgou. Ela que, por tempos, foi pontuando a paciente sobre seus engasgos, tosses e afins, que com o tempo foi se dando conta como tais manifestações apareciam em momentos importantes, momentos de "chega, não vou aguentar isto, ou que dor esta história"... pois bem, desta vez foi ela que engasgou e não pode dizer adeus sem lágrimas nos olhos, como já diria alguma musica besta por aí.... Foi atravessada, tomada, cortada pelo seu desejo de ficar, que droga! Não queria que fosse assim!
Não queria que fosse assim. Não queria que a coordenadora-gorda-rídicula fosse assim. Não queria que a grana fosse assim e no final do mes não desse nem o salário de um estagiário de qq coisa. Não queria. E acho que naquela hora eu, a psicóloga, fui tomada por todos os meus não queria, e foi impossível não me emocionar.
No tempo de uma delicadeza-militante, base aonde procuro sempre construir meu trabalho - na foto ou na psicanálise - não haveria como ser diferente. O contato com o outro produz afetações, e não pude, nem posso, me exemir do que isto produz em mim. Se não isto seria um contra-senso entre a prática e a fala. Pensei que foi um mico me emocionar na frente da paciente - já imaginou seu analista chorando??? - ao mesmo tempo não fiquei com vergonha. Não haveria como ser diferente. Esta sou eu, eu nem vou dizer que não queria ser assim, porque é mentira. São nestes momentos que eu lembro e incorporo o tesão que eu sinto pelo o que eu faço.
E que lindo o acolhimento dela, que disse, também emocionada, não dar para digerir isto sem engasgar! Pois é, até eu engasguei.......!
F.L. - engasgada