sábado, 9 de maio de 2009

Junk day

É sabado, 11h25, e eu estou aqui. Sozinha. Ele foi dormir antes das 10hs. E eu assisti a dois filmes, saí, fui devolver e no caminho pra casa decidi comer. E hoje, pela primeira vez, eu que sempre flertei com o submundo junk, me senti junk.
Parei na padaria nova do bairro. Poucos carros, já quase fechando. Queria uma coxinha. Não tinha mais. Pedi um pedaço de pizza, e é impressionante como a pizza de padaria é mais oleosa que as outras. Mesmo a padaria sendo burguesa. Pois bem, pedi a tal pizza, e pequei uma long neck. Sentei. O garçom me ofereceu um copo. Aceitei. Mas na verdade, gosto mesmo é de beber na garrafa. Dei um gole no copo, por educação, e o resto tomei na garrafa. Pedi uma Stela Artoais, pra me sentir chique. Chique e sozinha. Bebendo na padaria, no sábado a noite. Sozinha. Chique pouco importa. Sozinha mesmo. Sentada na alcova do sábado a noite. Bebendo so-zi-nha.
Fazem dois dias que ele tenta uma briga. Eu me esquivo, durmo, tento fugir. Mas ele insisti, quer uma briga. Eu penso num remedinho que me faça dormir bastante, daí amanhã já é domingo, acaba logo o final de semana e a gente volta pra rotina-que-nao-da-tempo-pra-pensar e pronto. Fim de semana sem trabalho sempre sobra tempo demais pra ficar junto, e daí tem que rolar uma briga, ou então... bom, deixa pra lá. Eu me esquivo, não tô no clima. Mas não, ele insisiti. Ele quer uma briga. Cava motivos. E eu me esquivo, não estou no clima, porra. Benhê, tô com cefaleia hoje, ok? Não vai rolar. Quase digo isto, mas nada funciona. Ele quer uma treta. E eu uma trepada. Mas nada funciona.
Eu acordo as 12h, vou fazer as unhas. Volto de unhas roxas, quase pretas. Dark. Só faltou a raiz preta no cabelo loiro branco, que já tava quase junk. Unhas dark. Eu fico de unhas dark e ele segue deprimido no quarto. Naquela vibe conhecida, de cortinas cerradas, pouca luz e aquele clima tão pesado que você quase consegue cortar com uma faca.
Eu prefiro uma cerveja com pizza oleosa de padaria. Daí tomo mais uma latinha no carro, ouvindo radio. Penso mais quanto tempo isto na vida, hein? Penso que não vou aguentar esta vida de montanha russa. Mais quanto tempo? Pra sempre é muito, e eu sou pequena.
E ele continua lá, com dó dele mesmo, querendo que eu tenha dó dele também. E eu aqui, com dó de mim - mas ele nem sabe. Agora olha, só eu mesma pra ter dó de mim já tá suficiente, viu. Pq na verdade eu sei que, se estou aqui, estou porque quero. E isto é patético, mas é real. E eu ainda sei que continuarei aqui por mais um bocado de tempo. Não me odeie por isto. Eu já me odeio o suficiente.
Na verdade, ele me quer ali, com ele, deprimida. Uma coisa assim, double dark. Daí sim ok. Daí sim companheira. Mas eu me esquivo, me recuso, não quero a deprê. Nem a dele, nem uma minha. Aff. Eu hein.
Fe Lopes - cansada.