domingo, 6 de janeiro de 2008

Arquivo Inicial

Mudei de Casa!

Pra quem já acompanhou um dia, apenas mudei de endereço... a estética do blogspot estava mais interessante por hora, enquanto não encontro hora para por a mão na massa e criar um template mais pessoal... em todo caso, vou re-publicar alguns textos velhos, das minhas velhas andanças pelos blogs por aí!


14/08/2006


Vai entrando!Pode entrar! Isso, vai entrando, senta aí! Quer um chá, cafê? Pedaço de bolo, vc aceita? Sinta-se em casa, viu?!


Aqui é minha casinha, pequinina, casinha de bonecas, da árvore, mansão nos jardins... Minha casa, palco de sonhos, viagens, dramas, mentirinhas, mentirosas, causos, histórias, contos, recordações... Casa que vai se criando e recriando no tempo-espaço-vida.


Esta é terceira vez que mudo de casa. Já fui fada, já dividi uma casa com um mago e até bem pouco tempo atrás, ficava a portas fechadas. Agora decidi que não preciso mais ser fada, posso ser eu mesma, a Menina-Que-Quer-Ser-Escritora!


E daqui por diante, quero portas abertas para deixar o sol entrar...!


F. L. - abre a porta, mariquinha!


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"SÓ ME ENCONTRO NA PALAVRA,
MINHA ÚLTIMA TRINCHEIRA"


Ruy Guerra


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24/08/2006

Fragmentos da história da Menina

Menina-que-quer-ser-escritora. Filha da Mãe-que-queria-ter-escrito-um-livro. Menina que roubava os óculos da Mãe para ser inteligente. Menina que ganhou a máquina de escrever, Olivetti Bambina - branca e vermelha - antes dos 10 anos.

Menina que pediu a máquina porque já queria começar a escrever seus livros logo. (Apressadinha essa Menina!) Menina que escreve diário desde os 8 anos. Menina que escreve poemas e tem um deles num livro - agora falta plantar a árvore e ter um filho.

Menina que acredita em contos de fadas. Em fadas. Em fadas que não se casam com príncipes encantados. Casam-se com curingas, que repletos de encantos deixaram de ser príncipes e se tornaram curingas multi coloridos! Só um curinga poderia se casar com uma fada. E ousar chamá-la para o eterno. Que ousadia a dele! Ler nos olhos dela o que ela queria!

F. - quase um 1 ano de "feliz para sempre"

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24/08/2006

Debutar

Reprise: Texto de 1 ano atrás...
Minha mão é tão pequena perto da dele. Muito pequena mesmo. Quando nos vi na tela da tv, percebi que, se mudassem o cenário, a festa bem que poderia ser de debutante... e no fundo, bem que era mesmo. Mas um debutante com outro sentido. A gente debuta tantas vezes na vida, não é? Porque, pensa comigo, debutar é iniciar-se, e a gente sempre tá se iniciando em algo novo na vida - se não está, deveria. Naquela dia que minha mão pareceu tão pequena, nós debutavamos... iniciando de mãos dadas o caminho q decidimos trilhar juntos!!

Mas eu, com mãos pequenas e rosto de menina- debutante- de- 15 anos, materializava também aquilo que o Aurélio descreve sobre a debutante: "mocinha que estréia na vida social". Apesar das mãos pequenas, do olhar de criança, foi naquele dia, e só a partir dele, que o meu mundo passou a olhar pra mim como Mulher. E agora, As Pessoas da Sala de Jantar me oferecem vinho tinto quando as visito. E deixaram de ser Pessoas da Sala de Jantar pra mim. Se tornaram apenas meus Pais.Mas isso é só um "debut" de uma longa conversa....

F.- há quase 1 ano autorizada para usar saltos altos

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25/09/2006

I´m colorblind MESMO

Já dizia a velha cúpula, a vida é sempre um pouco mais do mesmo, mesmo. Que se repete horas mais, horas mesmo, horas mais do mesmo. Mas sempre em ondas de torpor intenso - num paradoxo em que o torpor pode ser intenso. Ondas que vem, vão, vem e vão, invadindo olhos, boca, nariz, poros, vidas. Horas devastando, horas lavando, levando, levando-me. Me leva, então.
Repetições que se repetem e se sorvem a si mesmas mil vezes ao dia, mil dias por vez, numa liberdade poética insana, hiberbólica, pleunástica daquele MESMO.
E quando penso que estou enxergando cores no infinito, reflito no espelho e vejo que sou colorblind, seeing only coffe black and egg white. Trancada no escuro e fundo da alma, listening the fuking Tom Wats e me deixando invadir e possuir por um pouco mais do MESMO.
Mesmice, mesmificado, mumificante, mumificado. Trancafiado num círculo que insistosamente sempre volta ao MESMO lugar MESMO, e sempre me volta ao MESMO lugar MESMO.
E eu? Eu tenho medo do MESMO.

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27/10/2006

Ponto Dark

Pra ser a tal casa da menina-que-quer-ser-escritora até que ela anda bem vazia de palavras. Casa vazia. Menina-que-quer-ser. Palavras. Tudo assim, meio jogado, perdido, bagunçado, estilhaçado, fragmentado. Difícil juntar as palavras-frases-texto-e-ponto-final. Tudo esta difícil. Quase tudo. Menos ele, porto-seguro-para-dias-de-sol-e-chuva. Mas até dele esta difícil escrever. Esta difícil escrever. Esta difícil. Ponto.

As vontades que guardo na minha bolsa amarela sumiram. Na verdade ficou uma lá. Vontade de sumir. Assim, deste tom mesmo que você esta vendo. Dark gray. Pois é, eu sei, supresas na sala de jantar! Casa cor-de-rosa de menina cor-de-rosa também fica dark de quando em quando. Acontece que quando agora tem sido muito. E você sabe, não sou lá muito fã de somar o adjetivo dark com algum adverbio de intesidade. Dark já intenso o suficiente. Dark na casa-da-menina-que-quer-ser-escritora então, é ainda mais tenso/intenso.

A poética Dark sempre é mais bonita. Tem mais vida. Paradoxal? Não sei... Acho que aquela vida, sabe aquela? Sabe, eu sei... aquela que a gente sente se esvair do próprio corpo na hora que se questiona de que valem as horas (nunca se questionou? Sorte a sua.)... bom, esta vida aí, que escorre de você, toma corpo no papel e ganha VIDA com letras maísculas. Sempre que escrevo sinto este VIDA em letras douradas. Sempre que me perco, me acho por aqui.

Pois bem, a escrita me retoma e me retorna a mim (aos poucos, evidente). Assustado? É, meninas-cor-de-rosa-que-acreditam-em-contos-fada podem ser mais Darks do que você pensava. Mas eu avisei, a você e a mim, escrever de portas abertas e luz acesa implica em riscos: de você se assustar e eu, de ficar com medo de te assustar. Mas e daí, de que vale escrever? Se não vem das visceras?

E agora, fico aqui, sentada aqui na minha sala cor-de-rosa-dark-side-of-the-moon, enjoing my blood time. Pode fechar a porta quando sair...i´ll be ok.

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30/10/2006

Paisagem na Janela
By Milton Nascimento


"Da janela lateral do quarto de dormir

Vejo uma igreja, um sinal de glória

Vejo um muro branco e um vôo, pássaro

Vejo uma grade, um velho sinal

Mensageiro natural de coisas naturais

Quando eu falava dessas cores mórbidas

Quando eu falava desse homens sórdidos

Quando eu falava desse temporal

Você não escutou

Você não quer acreditar

Mas isso é tão normal

Você não quis acreditar

Que eu apenas era

Cavaleiro marginal lavado em ribeirão

Cavaleiro negro que viveu mistérios

Cavaleiro e senhor de casa e árvores

Sem querer descanso nem dominical

Cavaleiro marginal banhado em ribeirão

Conhecia as torres e os cemitérios

Conhecia os homens e os seus velórios

Quando olhava da janela lateral

Do quarto de dormir"

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30/10/2006

Me enamorei dos enamorados

Me enamorei dos enamorados. Assim, fácil assim! Me enamorei dos sorrisos escandalosos e contidos, que aos poucos iam revelando o desejo-beijo. E que delícia... o beijo demorou a acontecer. Adoro o tempo antes do beijo. Ali, da minha mesa, privilegiada, assistia a tudo: os olhos nos olhos que se derramavam opulentos, sedentos, incertos, mas certos dos desejos. Será que ele me quer mesmo? Dava para ler nos olhos dela. E seu eu beijá-la, será que ela vai aceitar? Ele dizia telepaticamente pra mim. E eu fiquei ali. Voyer. Deliciosamente voyer. Tanta, tanta sutileza que dava vontade de guardar num potinho, levar para casa e ir pegando de pouquinho todo dia.


E naquele instante derradeiro, como são os instantes de paixão, trocaram carícias derradeiras, de deleite e sutilezas, até que, então, sutilmente, enovelaram-se no seus próprios enamoramentos e renderem-se em nuvens de beijos. E até por aquele novelo eu me enamorei. Apaixonamente estes instantes que pulsam tanta vida. E então, posso dizer que foi mais que enamoramento. Foram musas. Eles foram minhas musas naquele instante. E quando vi, a inspiração começou a transbordar minha pele, minha alma e tive que começar a escrever ali mesmo, na mesa do bar. Diante dos olhos meus, dois olhos que se perdiam e não cabiam mais em si mesmos e de quando em quando explodiam em beijos ternos, calídos e desejantes, trazendo, então, para diante dos olhos meus, toda a sutileza da resposta "de que valem as horas?". E por um instante, desejei poder continuar a testemunhar vidas-em-desejo como estas.

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11/11/2006

I´ll be the knife of my life!

A vida de old man turned ninety-eight não precisa mais ter sentido, precisa? Ou será que a vida faz sentido em algum momento da vida? Imagina que, então ele won the lottery and died the next day! Isn't it ironic ... don't you think?

Algumas coisas simplismente não fazem sentido. Não fazem. Sentido. Fazem coisas. Porque well, life has a funny way of sneaking up on you!

E eu? Faço o que? A jornada do horói, procurando deixar de ser ten thousand spoons e me transformar em all I need, ser a knife da minha vida!Fê Lopes - And isn't it ironic... don't you think, a little too ironic... and yeah I really do think...


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15/01/2007
Saudades da bolha

As vezes, ele dizia a ela, o autismo é necessário. Não daqueles que não se conversa com ninguém, nem com-si-mesmo. Mas destes autismos-momentos-de-solidão. Daqueles em que falar com ninguém é uma dadiva. Encontrar ninguém. Esquecer q tem corpo, mente, braço, perna, boca, coração, sangue... Entregar-se a solidão solitária daqueles momentos vãos, que se abrem assim mesmo, como vãos... por onde passa o corpo, a mente, escorrendo gelatinosamente, longe dos olhos, mais longe ainda dos corações. O silêncio que se impõe na reclusão necessária da e para a alma. Momento do sem-sentimento. As vezes sentir se esgota, se enjoa, se entedia de si mesmo! E então nada mais delicioso que o torpor do nada, que adentra visceras, sem pudor algum, apagando todo e qualquer rastro de existência de qualquer coisa alguma. Só por alguns segundos mudos, em que o relógio parece não caminhar. Aliás, tudo parece não existir. Nem eu. Ou só eu, sei lá. Só por alguns segundos e então, tudo se (des)encaminha e se vincula aos seus sentidos, significados, sensações, emoções, voltando aos seus lugares mesmos, porém revigorados, oxigenados por este breve segundo de imensa-solitária-solidão-introspecção, que re-trazem vida a vida mesma e suas mesmices de sempre.
[suspiro]

F.L. - saudades da bolha...

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27/02/2007

Tenho medo do medo que dá

Caminhava, com aquele medo circulando nas veias - ou em rota de colisão. Sour pelo corpo cansado de tantos desejos fértis, suspirando e ansiando por serem fecundados no espaço derradeiro (porque estes espaços são sempre derradeiros!) do olhar. Desejos tão insanos que não invadiam apenas a sua mente, mas sim tomavam todo seu corpo, saindo pelos poros, se multiplicando loucamente pelo dna de suas células mais cardíacas, fazendo da sua respiração tropegos suluços, lampejos daquele pavor (delicioso) conhecido.

F.L. - Quem quer pactuar comigo?

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28/02/2007

Metade de mim é desejo

E no caminhar, ele se perguntava se serão dois olhos negros que lhe farão cruzar a divisa - novamente, mas dessa vez pra lugares nunca dantes navegados, por este corpo-alma-coração, que esta cansado das águas claras e calmas do leito deste rio em que deita sua existência, pedindo por se aventurar em ondas, maremotos sem fim absolutamente... Diz a si mesmo "metade de mim é desejo, a outra, nem sei...", e não se lembra mais se isto é frase de poeta, ou se é algo assim, deste seu velho coração, que pulsa uma metade desejo, e outra também.

F. L. - ninguém vai pactuar comigo mesmo?

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06/03/2007

Pena!

Que pena que dá da pena, que de tanta pena sente pena por si mesma. Uma pena. Mesmo (mais do)

F. L. - uma pena é só uma pena com pena...

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12/03/2007

Quer me conhecer?

"Quem ao poeta quer entender
a terra do poeta deve percorrer"
Goethe - sempre!


F. L. - viajante urbana


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14/03/2007

Sempre há tempo para Casimiro...


Hoje fiquei ali, olhando pelo vidro, aquele montinho de pessoas-meninas-pequeninas vestidas de cor de rosa, azul claro, lilás, tutu, coque e sapatilha. Mãos segurando na barra, de frente pro espelho, enquanto os pés passeavam pelo chão, formando pequenos compassos com as pernas pequenas. Depois sentaram neste chão, fizeram pose de borboleta e de longe se via as boquinhas "borboletinha, tá na cozinha, fazendo chocolate para a madrinha..."

Nostálgica lembrança de tempos de plié, demi plié, grand batiman (não me lembro como se escrevem estas coisas), piruetas, andeor, andedã, breu... Tempos nos quais eu sempre estava fora do tempo, fora da pose. Pé direito, dizia a professora, e eu levantava o esquerdo - até hoje. Este corpo, sempre neste seu tempo próprio-impróprio, habitando esta tal in-cordenação motora... este corpo, tão meu já era este corpo!

Gozado que as lembras não tem som. Era uma aula de ballet clássico, mas não lembro que som ela tinha. Lembro das formas que os corpos executavam. Ou que se rebelavam em executar. Ou, no meu caso, se esforçavam ao limete da exaustão em executar... lutando por fazer formas que não formatavam com meus movimentos-ritmo-coordenação - movimentos que não eram nem graciosos, nem não graciosos, apenas meus... singularmente provenientes daquela mesma pessoinha que não engatinhou, rolou pelo chão, sabe? Enfim, minha mémoria do ballet clássico é feita de imagens, desenhos, é coreográfica.

Aí, que saudades deste tempo em que o tempo não importava. Saudades daquela carinha curiosa, absorta no aprender dos passos e em mais nada. Tempo em que se conseguia habitar única e exclusivamente um único lugar - ou não, mas parecia que sim. Tempo em que ser menina era tão singelo, tão simples, tão tão. Eu sei, eu sei. Olhar a infância de adulto é esquecer que todo tempo tem suas angustias e que lá, elas também habitavam. Mas, que delícia que é, olhar pelo vidro, ser embalada pelos movimentos daquelas coisinhas pequenas e esquecer por um tempo desta teoria toda, e poder perder tempo com saudades das doces lembranças e tempos de dançar.


F. L. - num momento de puro Casimiro de Abreu

"Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
Como são belos os dias
Do despontar da existência!
— Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é — lago sereno,
O céu — um manto azulado,
O mundo — um sonho dourado,
A vida — um hino d'amor!
Que aurora, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d'estrelas,
A terra de aromas cheia
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!
Oh! dias da minha infância!
Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minhã irmã!
Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
Da camisa aberta o peito,
— Pés descalços, braços nus
— Correndo pelas campinas
A roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!
Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo.
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar"

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30/03/2007

Revival
Pensei neste post que fiz em julho de 2002, num outro blog, qdo eu ainda tinha pseudonimo. Me deu vontade de ler novamente.

"Alguns insights sobre a transitoriedade do amor....

Amor não casa com a palavra obrigação. Muito menos obrigação de durar para sempre. Na verdade, amor não casa.

Se há obrigação, não há amor. E daí talvez dure para sempre...

O meu único compromisso é com a felicidade mútua, enquanto ainda sorvermos desta bebida mágica e deliciosa, enquanto ainda tiver deste elixir nos nossos copos, o amor será eterno, e maravilhoso... E ainda será amor... e será ifinitamente delicioso... infinitamente...

Lembro de um poema que eu li quando era garotinha, que tinha um trecho q dizia assim: "meu último amor eterno acabou ontem" . O amor nasceu para ser transitório. Porque o amor é humano, e o humano é transitório. Se queremos transformar o amor em algo estático, esvaziamos o sentido do amor, que nasceu para ser mutante, nasceu para ser humano, nasceu para ser...

A única certeza q tenho é a da minha existência breve e finita. Por que a certeza do amor seria diferente? A única certeza do amor é que ele acabará. Por que controlar o tempo do amor, se podemos vivê-lo o tempo inteiro? Por que controlar o tempo da minha vida, quando posso vivê-la? Por que controlar...?

Que me importa se vai acabar amanhã? Que me importa se vou acordar amanhã? Me importa agora. Já. E se agora estou aqui, estou plena. E quando digo que te amo, amo até o máximo que minha alma puder. Amarei vc eternamente por um minuto. E se no minuto seguinte ainda amar vc, será mais um minuto eterno... mas se não... Pra que querer saber quando, onde, como? Se ainda me preocupo com isto, não estou amando de verdade... quando amo, me perco num labirinto infinito... e tudo que não quero é ser achada... deixe-me amar, perdidamente, loucamente, apaixonadamente, vividamente... amar...

No calor da minha tempestade eu amo. Agora. Urgentemente. Eternamente.

Eu vivo. A vida e o amor. Até quando? Que me importa! Se posso fazer a eternidade a todo segundo, por que fazer uma vez só...? Todos os segundos, os segundos todos, preenchidos de vida... Eterno 60 vezes em um só minuto, DELICIOSAMENTE eterno em um só minuto...

Sininho - devaneios"

F.L. - na teoria tudo é mais bonito!

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31/03/07

Bem me quer, bem te quero!

Bem me quer. Mal me quer. BEM ME QUER!
Bem te quero. Mal te quero. BEM TE QUERO!

A equação do amor é está. Enquanto a balança ainda tiver mais bem me quer e bem te quero, ele continua a ser amor, feliz para sempre, cerquinha branca no quintal! E eu acho que já escrevi isto aqui alguma vez, ou terá sido no blog antigo? Enfim, um dia nós nos olhamos nos olhos e decidimos que queriamos ser felizes para sempre. Mas nunca dissemos que seriamos felizes para sempre todos os minutos da vida-para-sempre que decidimos viver. Felizes para sempre a gente tem que ser na maior parte do tempo. Em alguns momentos a gente briga, grita, bate porta, quer ir embora de vez, nunca mais olhar na sua cara... Ira, vontade de jogar tudo para o alto!

Afinal o que é o homem senão este ser dual, que cheio de paradoxos? Nesta equação da vida a dois somos humanos e não formúlas matemáticas, dogmas imutáveis... E os desejos são assim mesmo, caminham por caminhos que se desencaminham e encontram então novos caminhos... Nosso feliz para sempre se esvaziaria caso exigisse de nós sorrisos prozaquianos que não saem nunca da boca, e teríamos sempre que ser contidos, constantes, inertes, sempre iguais, sempre sorrisos, sempre doce.

Mas a verdade é que te olho. E então te vejo deitado na cama, descanso do guerreiro, companheiro de tantos vãos momentos vãos, de tantas delicias, tantas dúvidas, tantos amores, prazeres e afetos afetados... e lembro que costumava dizer muito antes de te conhecer que queria um amor bem grande, destes que dói o coração. E um homem que argumentasse comigo, quando eu fosse, igual bebe que coloca a mão na tomada para testar se iria levar um choque. Falava também que queria um homem que não fosse embora no amanhacer, mas que olhasse nos meus olhos e dissesse: "olha, nós vamos sofrer, vamos ter momentos difíceis, ou hora ou outra os castelos podem ruir, seja por minha ou sua causa, ou até mesmo pelo destino, eu ou você podemos querer desistir de tudo isto aqui, mas nem que seja por um segundo, eu quero amar você. Nem que seja para acabar daqui dois minutos, eu quero amar você, eu vou amar você, eu amo vc."

Este homem é você.

E enquanto os seus dois olhos negros estiverem nos meus dois olhos negros, e eu os achar os mais lindos que já vi, enquanto meus ouvidos ainda quiserem a sua voz deliciosa a dizer bobagens às 3hs da manhã, enquanto meus lábios ainda quiserem só os teus, eu vou bem te querer mais uns 100 mil eternos por segundo.


F.L. - o amor será eterno novamente, novamente...!

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19/04/2007

"Eu pressuponho que escrevo por sobrevivência.O texto me exaure até a asfixia plena.É sempre um óbito necessário".

Ézio Deda

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21/04/2007

O que você quer?


" Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas,
que já tem a forma do nosso corpo,
e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares.
É o tempo da travessia:
e, se não ousarmos fazê-la,
teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos."
Fernanda Pessoa


Estar no mundo parece que nunca foi tão complicado como agora. E, apesar do sofrimento, tenho me esforçado para me manter no olho da complicação. Penso que é neste vão - enquanto abertura de pensamento - que posso transformar e resignificar coisas minhas, tão minhas que se agarram a mim com força, muita força e que se quero ser pessoa, preciso pensar sobre elas.

Já não sei mais nada que penso, que sou, que quero. As pessoas me acolhem ternamente, a mim e as minhas angustia, e angustiadas insistem em dizer faça isto ou aquilo, então eu me pego fazendo coisas - pq esta sou eu, repleta de fazeres, "se tem que fazer, vamos fazer". Fazendo muitas coisas, tomando decisões estéticas... e então, quando deito no divã e me entrego a mim, ela me diz que fazer coisas eu tenho feito e preciso mesmo fazer, mas e o que eu quero. Ponto final porque não sei como colocar uma interrogação nesta frase. Esta sou eu, repleta de fazeres e confusa em meus quereres e desejos. Paraliso. Parece, por um instante, que ninguém nunca tinha me perguntado isto na vida. Ressoa de tal forma que parece pedra que a gente joga na água. O que eu quero, o que eu quero, o que eu quero... e esta frase vai me perseguindo, pulando no meio de uma conversa fiada, na frente da minha máquina fotográfica, entre o beijo, no meio da supervisão, no meio da música, no meio do texto...

E você, o que quer?


F. L. - no duro processo de me tornar astronauta do meu próprio universo.

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07/05/2007

Dor


Ela passa a tarde em casa. Triste e em casa. Alguém disse que é uma grande mulher, mas melancólica, precisa brilhar mais. Dizem que um homem é mais elegante quando tem uma dor. Pensa que uma mulher também pode ser mais elegante quando tem uma dor. Mas é mais brilhosa quando não tem. A dor deixa opaco e cinza. Cinza é a cor da moda, ela pensa. Dor esta na moda. Todos hoje tem dores. Dizem delas aos 7 ventos. Mas dizer não é sentir. E ela sente. Sente que a tarde é muito mais gostosa quando não há dor nenhuma, nem grande, nem pequena. Se sente pequena, ela me diz numa ligação de final de tarde, destas despretenciosas que só quem sente dores numa tarde é capaz de fazer. Não me diz que sente dor, mas eu percebo pela sua voz e pelo seu olhar, que sinto pelo telefone. Conheço este olhar de corpo vago, procurando dono. Não me diz nada. Quer ouvir da minha dor e ver se assim, esquece da sua. Anestesia a dor do outro. Conheço ela faz tempo. Digo quase nada, mas o suficiente para que lhe aplaque a angustia que arde sem se ver. Então ela fala. Diz que hoje a única coisa que queria era uma fluoxetina e nada mais nos braços. Nunca tomou fluoxetina. Melhor assim. Dá prá idealizar quando não experimentou jamais. Imagina que a vida seria sem dor se ela tomasse fluoxetina. E se já tivesse experimentado e descoberto que de nada adianta mascarar a dor com química?? Que química alguma mascára dor alguma? Melhor assim, então. Fluoxetina é seu príncipe encantado. Seu feliz para sempre. Virá num cavalo branco, lindo, trazendo a felicidade total. Ausência de dor. Odeia segundas feiras. Na segunda sempre se lembra que tem uma dor pra carregar. E esta dor, esta dor pesa. Cansa. E fica lá, martelando. Todo segundo. Lembrando que ela existe. "Ei, menina, lembra, você tem uma dor! Não vai esquecer ela aqui, porque ela é sua". Cansa tanto, que ela só me diz que quer dormir. Falo que Ferenczi disse que "o carater insuportável de uma situação leva a um estado psíquico próximo ao sono, onde tudo o que é possível pode ser transformado da um modo onírico..." Ela não escuta. Não pode. Esta vazia, lembra? A dor deste tipo esvazia. No vazio o som bate pelas paredes e ecoa. Mas não ressoa. Não adentra, penetra, só passa. Como um zunido. Não sinto dó. Sinto dor.

F. L.
"Se ele me deixou, a dor
é minha só, não é de mais ninguém
aos outros eu devolvo a dó,
Eu tenho a minha dor"
(Marisa Monte/ Arnaldo Antunes)


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16/05/2007

Um cerveja, por favor.

Convido você pra uma cerveja hoje. Pensei numa cerveja, pq acho q o papo não é para chá. Fica a vontade, porque aqui em casa é assim mesmo, pode tirar sápato, pôr pé no sofá. Você, que vem aqui, passeia, senta no meu sofá, fica lendo meus manuscritos... então, você mesmo. Então, acho que não me expliquei direito... talvez não tenha dito, mas este blog é uma hipérbole e uma ficção. É, isto mesmo! Hipérbole porque é isso mesmo, um exagero, um execesso, no melhor que a liberdades poética possa me dar, no mais adolescente que isto possa ser, mais drámatico, mais emo, mais tudo de mais que isto possa mais. O que isto quer dizer? As vezes uma dorzinha, pode virar um caso de internação. Pq? Pq assim eu senti? Pq assim eu vivi? Pq assim eu quero que vc sinta? Assim eu quero que vc me veja? Sei lá. Por tudo isto. E por nada disto. Porque, no fim das contas, isto é uma ficção da vida real. E na ficção do meu egocentrismo, eu posso querer o que eu quiser. Assim mesmo, bem egoísta. Aí, que delícia!


Então é isto, só queria deixar claro a minha viagem. Que aliás, é pra isto que este blog serve. Pra minha viagem da minha cabeça viajante. Que é o que eu adoro compartilhar com você!


F. L. - ficção de si mesma

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12/01/2008

A COMPLICADA ARTE DE VER


"A diferença se encontra no lugar onde os olhos são guardados. Se os olhos estão na caixa de ferramentas, eles são apenas ferramentas que usamos por sua função prática. Com eles vemos objetos, sinais luminosos, nomes de ruas _e ajustamos a nossa ação. O ver se subordina ao fazer. Isso é necessário. Mas é muito pobre. Os olhos não gozam... Mas, quando os olhos estão na caixa dos brinquedos, eles se transformam em órgãos de prazer: brincam com o que vêem, olham pelo prazer de olhar, querem fazer amor com o mundo."

Rubem Alves, 71, psicanalista, educador, escritor

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