quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Sobre baterias, carros e amores

+ ficcão

As malas estavam na porta. Ela olhava e não sabia se o momento era para rir, ou para chorar. A cena seria cômica, se não fosse trágica, como diz o dito popular. Cômico porque ensaiaram muito este momento, mas jamais ela pensou que o estopim seria algo assim. Bobo. Bobo, mas cheio de significados, ficou pensando.

Arriou a bateria do carro dela. Ele disse que trocaria, que ela não se preocupasse. Mas nada disto aconteceu. E então eles descobriram que não tinha sido só a bateria do carro que tinha se esgotado. A deles também. Punha-se a chave no contato e o carro não ligava, por mais desejo que tinham que aquele carro, sei lá, andasse mais uns 100.000km. Nada. Nem sinal.

O mecanico disse que até que tinha durado muito. Ela pensou, que ironia, realmente, até que tem durado muito mesmo. Geralmente, o mecânico continou, este tipo de coisa pifa com 1 ano e meio de uso. "A sra. deve cuidar muito bem do seu carro." Um hiato, porque cada palavra lhe remetia a esta brincadeira sem graça da vida, de transformar em metáfora, uma situação tão nua, tão crua e tão triste. Estava na hora de trocar a bateria deles. E ela sabia. Ele sabia. Não dava mais para usar um paliativo, como foi a sugestão dele, antes dela decidir chamar um mecânico para trocar de vez a bateria. Não dava mais.

E aí as malas estavam ali, na sala.

F.L. - seria cômico...

Um comentário:

Jú Pacheco disse...

Hmmm, baterias, malas e amores...
Sei, sei...
rs...

Saudades!!