terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Eu não sei rodar peão

"(...)Obedeci. Abri o meu baú de brinquedos. Piões, corrupios, bilboquês, iô-iôs e uma infinidade de outros brinquedos que não têm nome. Seria indigno que eu levasse piões e não soubesse rodá-los. Peguei um pião e uma fieira e fui praticar. Estava rodando o pião no meu jardim quando um cliente chegou. Olhou-me espantado. Ele não imaginava que psicanalistas rodassem piões. Psicanalista é pessoa séria, ser do dever. Pião é coisa de criança, ser do prazer.-cho que meus colegas psicanalistas concordariam com meu paciente. A teoria diz que um cliente nada deve saber da vida do psicanalista. O psicanalista deve ser apenas um espaço vazio, tela onde o paciente projeta suas identificações. Mas a minha vocação é a heresia. Ando na direção contrária. "Você sabe rodar piões?", eu perguntei. Ele não sabia. Acho que ficou com inveja. A sessão de terapia foi sobre isso. E ele me disse que um dos seus maiores problemas era o medo do ridículo. Crianças são ridículas. Adultos não são ridículos. Aí conversamos sobre uma coisa sobre a qual eu nunca havia pensado: que, talvez, uma das funções da terapia seja fazer com que as pessoas não tenham medo das coisas que os "outros" definem como ridículo. Quem não tem medo do ridículo está livre do olhar dos outros.(...)"




Rubem Alves

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Logo é agora

Um dia, eu tinha 8 anos, e num aniversário ganhei um diário da Hello Kitty, com chave e tudo. A partir daquele dia, nada mais seria igual. A partir daquele dia eu descobri o tal espaço íntimo, dei voz a minha voz interna e fiz das palavras meu refugio mais pessoal. O mundo todo em volta poderia tentar me disciplinar, mas eu sempre teria meu diário da Hello Kitty pra pensar, escrever e ser do jeito que eu quisesse. A  escrita foi, então, minha âncora que ancora eu em mim mesma, independente da tempestade ou do  tsunami lá fora -e é assim até hoje. 

Por gostar tanto de  ler e de escrever, decidi aos 10 anos que queria ser escritora. E daí pedi uma máquina  de escrever de natal, pra já ir começando a escrever logo. Mas eu não sabia direito o que fazer com a máquina, o papel e as letrinhas. Só continuava com o diário, que já não era mais o da Hello Kitty. Depois que li O Diário de Anne Frank, passei a caprichar mais nos meus diários, vai que algum dia, quando eu morresse, alguém descobrisse meus diários e resolvesse publicar?

Eu que sempre fui fascinada por escritores, um dia conheci uma delas. E fiquei encantada com tudo que era dela. O cabelo. Os brincos. O chá. As cores. As prateleiras abarrotadas de livros. A mesa de madeira. Tudo. E disse a ela que gostava muito de escrever, que sempre quis ser escritora, e então ela me questionou se eu achava que escrevia para mim, ou para os outros... Fiquei com este eco na cabeça anos... fico ainda... difícil pergunta. Difícil respota.

Meu primeiro texto ficcional - fora os de escola - foi Telegrama. Uma história minha, que ficcionalizei, criei personagens, e fiz dele um conto. Escrevi pra mim. Mas fiz dela algo que, após terminado, queria que fosse lido pelos outros. Acho que deste jeito cria uma mediação, pra mim, pra vc... e daí eu posso me relacionar com as histórias de um jeito diferente.

Escrevi estes posts sobre o meu avô pra mim. Pq é assim que sei cuidar de mim: escrevendo. Assim que eu vivo meus lutos. Assim que eu vivo as minhas coisas difíceis. Assim que eu digo que eu te amo. Assim que eu sei ser interessante. Assim que eu vivo meus amores. Assim que eu te paquero. Assim que eu te seduzo. Assim que vc sabe que eu gosto de vc. Assim que eu sou divertida. Assim que eu sou intensa. Assim que eu sou inteligente. Assim que eu sou prolixa. Assim que sou profunda. Assim que eu sou raza. Assim que eu sou. Ponto.

Mas ao terminar de escrever estes posts sobre o meu avô, após a morte dele, senti que queria que estes textos fossem compartilhados com a minha família, que pouco, quase nada, sabem do que eu escrevo - pode traduzir aí: pouco sabem do meu espaço interno. Queria pq queria que soubessem que eu não tô passando ilesa por tudo isso, mas que eu tenho um outro jeito, talvez até mais solitário, de elaborar estas (e outras) coisas. E ser  assim não é uma escolha, não me faz melhor ou pior. É uma condição de existência mesmo. Não dá pra ser  de outro jeito. Poder dividir estes textos com a família foi um jeito de quem sabe compartilhar -  algo que em família eu realmente faço com dificuldade.

E daí, depois de enviar a todos por email - devidamente excluindo o endereço do blog, pq daí ainda não dou conta - senti que aquele logo lá que eu queria que começasse logo quando eu tinha 10 anos era o logo de ser pessoa, e não escritora. Aquela pessoinha lá com sede de ser escritora - ou aquela escritora com sede de ser pessoa - realmente vem fazendo da escrita sua possibilidade de ser pessoa. E depois de compartilhar meu texto-pessoa com a minha família eu senti que eu já sou escritora, e entendi que a resposta para a pergunta daquela escritora é que eu escrevo pra que eu possa compartilhar algo de mim com os outros. E então eu vi que o logo de 17 anos atrás é agora. Porque agora eu não tenho mais (tanto) medo desta pessoa que escreve os textos -  e daí talvez dê pra não ter medo de ao compartilhar, perder minha liberdade, mas isto já é outro post.


F.L. - sem tempo para perder.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Carta pra vc, Vô.

Você mal deve ter chegado aí onde vc tem que chegar, e eu já estou com saudades. Saudades assim, dessas que parecem pop up de site chato, sabe? Aquela janelinha que fica abrindo toda hora, sem nem vc se dar conta. Quando vê, tá lá ela!

Saudades de ler as manchetes das notícias esportivas só pra puxar assunto com vc, e vc realmente achar que eu sabia tudo de formula 1. Ou torcer pro "curintias" perder, só pra poder encher vc falando do palmeiras. E vc dizer que eu estou certo, que meu time jogou melhor mesmo (!!). Saudades de vc perguntar "mas onde vc arranjou este sapato?" e falar, na sequencia, sarcasticamente, "agora sim, tá pran-chan", ou "tá parecendo bota de soldado alemão".

Ou então da gente falar alguma coisa tensa, algo sobre política (bem cliche, nada muito profundo), e vc dizer "é charutinho!". De roubar seu pão na hora do almoço e vc dizer "deixa estar jacaré, a lagoa vai secar!". De te ver olhando por cima dos óculos.

Saudades dos apelidos que vc colocava nas coisas e nas pessoas. A padaria Mija na Pá (?) foi a melhor de todas!

Saudades de te ouvir falando na terceira pessoa, o vô isto, o vovô aquilo...

De te ouvir falando puuta-queo-pariu. De chegar na sua casa e pular no  quarto onde vc via tv, só pra te assustar um pouquinho. De vc sempre falar "já vai?" mesmo eu tendo passado o dia inteiro na sua casa, e daí dizer "então tá bom, filha". Tudo isto mesmo que na maioria das vezes, vc tenha até ficado vendo tv sozinho a maior parte do tempo - só bastava saber que a gente tava lá, que tava bom.

Saudades de te ouvir falando que a menina - eu - fala entre os dentes! Por isto vc nao me ouvia, não porque vc era surdo e não ouvia ninguém falar - mas sempre ouvia quando a vó falava... vai entender né?!

Saudades da casa cheia aos domingos. Ou só comigo e com meu marido. Ou só com vcs 2 e eu aqui pensando que precisava ver mais vocês, mas que hoje não dava porque...

Saudades de te dar broncas pq vc comeu não sei o que, e que eu ia contar para o Dr. Pedro e vc rir de mim, levantar os ombros, como quem diz, tô nem aí, filha (saudades deste filha, que vc sempre me chamou). Saudades até do Dr. Pedro, q eu nem conheci, olha só! Saudades do braço cheio de manchinhas roxas e vc reclamar que "o vô tá cansado de tanto remédio!". 

Saudades do pouco cabelo nos cantos da cabeça, vaidosamente penteados, cortados, e "colados" com uma especie de brilhantina oleosa que eu acho que nunca mais vou ver por aí. E de vc ir cortar o cabelo (!!) no barbeiro só pra pegar revistas pra minha sala de espera.

Saudades antecipada da casa por onde eu corria e pulava três degraus de uma vez! Onde eu tomava meu café de mesa - ou da tarde, como a maioria das pessoas fala - onde eu brincava no quintal, curtia as plantas que a vó tanto gosta, comia as coisas que ela já faz imaginando que eu posso vir, quem sabe, a passar lá, vai saber?!, do azulejo (até meio feioso) amarelo do jardim, do banheiro azul calcinha - com a pia no mesmo tom...

Saudades. Saudades. Saudades tantas. Dessas que só as grandes pessoas, que deixam grandes marcas, são capazes de produzir dentro da gente!

Amo vc.

sábado, 9 de janeiro de 2010

É preciso estar muito vivo para poder morrer.

Ontem, tomando uma cerveja com minhas amigas, disse que não havia viajado porque meu avô estava na UTI, e daí cometi um lapso ao dizer que se eu fosse ia ficar na UTI, ao invés de dizer que ia ficar com a cabeça na UTI. Talvez eu tenha estado mesmo na UTI todos estes dias.



Dormindo, ele veio me visitar em sonho. Estava no hospital, deitado, bonito, corado, talvez até mais jovem. Eu conversava com a médica, que ia me passando as informações sobre ele. Estavamos aos pés da cama, ela de costas pra cama e eu de frente. Quando olhava pra ele, ele estava sem o tubo, respirando e de olhos abertos. Eu ia até ele, surpresa e dizia, “nossa vô, vc tá respirando! Tá acordado!!! Vc lembra como foi ficar sedado estes dais todos?” Passava a mao na cabeça dele e dizia “qta saudades que eu senti de vc!” Entao ele, mto tranquilio, me dizia, “filha, o que o vô tá fazendo aqui? o que aconteceu?”. Eu lhe contava que ele havia sido internado no dia 01, pq tinha passado mal, com desconforto respiratório, daí ele tinha sido entubado para poder respirar, e que teve pneumonia dupla, infecção generalizada, e que tinham sedado ele pra ele não se debater com o tubo. Ele ficava surpreso, e eu questionava, também surpresa, se ele não se lembrava de nada. Ele dizia que não. Eu contava que nós fomos visitá-lo todos os dias e então ele dizia que queria levantar e ir ao banheiro. Daí se levantava, estava de shorts, barrigão de fora como ele sempre ficou, e então íamos para casa. A casa da minha avó, mas era toda branca e estávamos todos de branco – eu, meus pais, minha avó, meus tios e tias, minha irmã, meu primo e o meu marido – só quem não estava de branco era meu avô, que vestia shorts laranja. Chegávamos la e todos se admiravam ao vê-lo ali. Daí ele se sentava no sofá, no meio de todos nós e então meu tio dizia que ele tinha q voltar pro Hospital, pq o pé dele estava mto inchado e que a médica ficaria mto brava se soubesse que ele tinha saído de lá. Ele levantava o pé, todos nós viamos como estava inchado, e então ele dizia que sim, que iria voltar, só queria ir ao banheiro primeiro.


Daí eu acordei.


E algumas horas depois ele de fato saiu de seu estado de suspensão, em que ele não sabia mto bem onde ele estava e porque, aquele lugar de entre que a UTI e a sedação vão produzindo. Agora talvez sabendo tudo o que estava acontecendo. Então ele saiu do entre, voltou para hospital, bem na hora da visita em que minha avó – seu grande amor – e um dos meus tios estavam ali, vendo ele. Aí ele viu os dois, disse um adeus tranqüilo, pq já não se sentia mais perdido e nem confuso, não tinha mais medo, pq tb sabia que tinha tido os 83 anos mais incríveis que ele poderia ter, e que todos nós sabiamos disto, do presente que foi ter ele com a gente este tempo todo!

Só faltava uma coisa.

E daí ele adentrou novamente aquele corpinho sedado, e neste instante o coraçãozinho que tanto trabalho deu pra ele a vida toda, se sacudiu todo, e ele, desta vez muito vivo, pode então se deixar morrer.

E agora não faltava mais nada.






F.L. - triste, mas inteira.

"Quem sabe o que se dá em mim?



Quem sabe o que será de nós?


O tempo que antecipa o fim


Também desata os nós


Quem sabe soletrar adeus


Sem lágrimas, nenhuma dor?"

Ney Matogrosso

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Rapidinha sobre a UTI

A vida vai se encarrilhando. Tudo segue. Eu acordo, tomo café, daí as 12hs alguém vai visitar meu avô na UTI, por volta das 13h30 recebo o boletim médico e no geral tudo continua grave e na mesma, daí a gente almoça, eu visito minha avó na casa dos meus pais, passo o dia lá, entro na internet, fico conversando com a minha irmã, cada vez que toca o telefone o coração salta pela boca, e no geral é gente querendo notícias do meu avô, converso com a minha mãe, meu pai, minha avó, a gente ri um pouco, a gente chora um pouco, a gente fala da vida, fala do meu avô, das histórias, da enchente na Ilha Grande, daí se desespera um pouco, se preocupa, e fala do horário no dentista amanhã, vai trocar presente de natal no shopping... assim o dia o passa, daí a gente janta, começa Viver a Vida e eu e a minha irmã dublamos a música de entrada, e por fim eu venho pra casa. Fico um pouco com o marido e com a sogra que tá fazendo visita aqui em casa, eles perguntam do meu avô, eu dou o boletim, eles me contam o que fizeram hoje, falamos da chuva, do calor, do que faremos amanhã, assistimos Dalva e Herivelto, minhas amigas ligam, mandam mensagem, eu entro na internet, ele vai baixar músicas... daí a gente vê mais um pouco de tv, tomo banho, vamos dormir...  
Enfim, a UTI entrou na minha rotina. E é bem esquisito.

F.L. - amanhã é meu dia de visita...

domingo, 3 de janeiro de 2010

Avô - as co-relações

É claro que agora a gente relaciona tudo com o fato do meu avô estar na UTI. Mas realmente teve um fato curioso. Já é o segundo ano que eu, meus pais, minha irmã e minha sogra vamos passar o reveillon na praia. Desta vez a minha irmã, que é uma dessas criaturas bem sensíves e antenada com estas coisas sensitivas, me ligou falando pra que a gente fosse até a casa dos nossos avós antes de viajar, assim poderiamos nos despedir deles. Na hora eu pensei nossa, mas pra que, vamos ficar só 1 semana fora... Mas topei, achei importante. Não gosto muito desta coisa de passar as festas separada da família toda, então achei que seria um jeito de estar com eles também. 

Foi divertido, comemos pasteis, lanchinho, ele disse que eu estava bonita, perguntou aonde eu tinha ido tão bonita com aquele vestido longo - estou numa fase azul que não passa de jeito algum - e que minhas unhas azuis que usei no Natal - q ele achava que eram verdes - teriam combinado com aquela roupa. Eu dei risada. Daí ficamos falando, de como ele bateu a perna na mesinha de centro no dia do de Natal, das manchinas roxas no braço dele, então começamos a contar histórias do passado, e daí ele falou da minha avó e dos recentes 58 anos de casados deles. Assim foi o jantar, bem gostoso. Minha avó ainda fritou mais pasteis de queijo pra eu trazer pro meu marido. Na hora de ir embora ele disse que gostava muito mim, e falou pra gente ter juízo sempre.

A minha irmã relacionou estas coisas com talvez, um jeito de se despedir de nós duas, como se ele já soubesse que algo estava para acontecer. Não sei se foi isto mesmo. Mas foi bonito. E com certeza, a sensação de que tive um encontro com ele antes de tudo isto. E se de fato ele se for agora, eu sei que estive lá. E pude ouvir dele o quanto ele me gosta, me acha bonita, e me cuidará sempre.

Avô

Meu ano novo começou com uma coisa nova, que na verdade não tem nada de novidade nela, mas é daquelas que vc sabe que um dia acontecerão, mas vc nunca acha que será agora.







Pois é. Meu avô esta na UTI, muito grave, com uma infecção generalizada. 83 anos, marcapasso, surdo, um caminhão de cirurgias nas costas, muitas manchinhas roxas pelos braços de tanto AS pra afinar o sangue, catarata... sobrevivente... Pra quem, talvez, o tempo esteja se esvaindo mais rápido. Uma pena pra nós.







Ele esta sedado, entubado, numa UTI sem graça, sem ninguém da família por perto. Só 30 minutos por dia, uma judiação. Pra ele e pra gente, que queria ficar mais perto nestes momentos que, sabemos, podem ser os últimos.







Claro que eu estou triste. Meus avós são pessoas muito queridas pra mim. Muito, um muito tão grande que nem dá pra escrever o quanto é grande. Mas ao mesmo tempo estou tranqüila. O curso natural da vida, ele esta velhinho, não quero que ele sofra, e os 27 anos que estive com ele, aproveitei muito, cada segundo. Então se for para a vida acabar agora, tudo bem, teremos outras pra passarmos outros tempos juntos. E o mais importante é que ficam as histórias que vivemos juntos gravadas não na memória, mas no DNA das células da gente. Dessas que vão compondo quem a gente é.







Fico triste, um pouco além, porque queria muito que os filhos que terei um dia conhecessem o bisavô. E talvez este esteja se tornando um sonho distante. Mas eles vão conhecer, pensei estes dias. Porque as historias dele estarão comigo. E me acalmei uma noite dessas em que chorei muito, pensando quais historias do meu avô eu vou contar aos meus filhos. Vou contar sobre o quanto ele adorava ser caminhoneiro, como ele gostava de carros, como ele terraplanou todas estas estradas por aí, qdo ele entregava leite e o burro empacou, e daí ele deu uma mordida no beiço do burro! (!!), de como ele me enchia por causa dos meus sapatos, dos tênis coloridos, da cor das unhas, de quando ele pediu ao cardiologista que queria assistir ao meu casamento, de como ele chorou quando eu fiz intercambio, de quando ele posou de modelo pra eu tirar umas fotos pra um curso...







Mas a historia que vou adorar contar, e espero que a bisavó possa ajudar, é como, por 58 anos, eles vem sendo um casal tão apaixonado. Brigaram muito, muito e as vezes ela diz que não sabe se casaria com ele novamente (mentira!), mas o amor que eles tem um pelo outro, isto é inegável. Principalmente o amor dele por ela, o olhar apaixonado até hoje, o grude até, o desespero quando ele pegava uma gripe, o carinho, o ciúmes dela usar uma roupa bonita e ficarem olhando – mesmo ela tendo 77 anos. E o jubilo que ele tem em contar, re-contar, e contar novamente, como ele ficou de olho nela quando ela tinha 14 anos, e daí foi cuidando pra poder namorara-la mais tarde. Vou contar, talvez eu chore na hora, mas não tem problema, porque vou contar feliz de ter eu podido ser ouvinte desta e de outras tantas historias, e mais do que isto, de ter podido conviver com alguém com o coração tão bom e ter sido a Nanda, a Nê, a menina, e todos os outros nomes que ele adora me colocar!







E por hora, só me resta rezar, pra que Deus seja bonzinho com ele, e esteja cuidando dele com carinho neste tempo em que tudo esta suspenso. E rezo também pra que aconteça a ele o que for melhor pra ele. Que aqui, se for o caso, aqui a gente vai sobreviver, com muita saudades, e cheios de coisas boas dele com a gente durante o pra sempre que durarmos.







F.L. - suspiros