"Cada vez que respiramos, afastamos a morte que nos ameaça (...). No final, ela vence, pois desde o nascimento esse é nosso destino e ela brinca um pouco com sua presa antes de comê-la. Mas continuamos vivendo com grande interesse e inquietação pelo maior tempo possível, da mesma forma que sopramos uma bolha de sabão até ficar bem grande, embora tenhamos absoluta certeza de que vai estourar" (Shoupenhauer: 1969, vol. 1, p.311)
A Menina passeia pelas estradas, olha uma flor aqui, um pássaro ali, corre um pouco, ofega, descansa sentada perto de uma árvore de maçãs. Anda outro pouco, brinca com o vento, com as borboletas coloridas. E leva na mão sua bolha de sabão, que ela insuflou há muito tempo, lá longe... e desde então a carrega nas mãos. Com delicadeza ela a passa de uma mão para outra, jogando cuidadosamente. Brincando com a fragilidade e força daquela bolha, que ainda mantem-se translucida e brilhosa nas suas mãos. É sua eterna companheira. Aonde esta, a bolha esta. Sempre com ela, junto a ela. Sabe, isso as vezes cansa, chateia e então ela tem vontade de estourar logo aquela bolha chata, arremessar para bem longe dela! As vezes até faz isso, imagina só! E a bolha fica fraca, quase transaparente, parecendo que vai se dissolver no ar. Daí as vezes ela se apavora, com medo de ficar sem a bolha e corre logo a cuidar dela. Outras vezes, bem, outras vezes esta tão cansada que nem liga, imagina!
Dizem lá no vilarejo que ela mora, que todos temos a nossa bolha de sabão conosco. Alguns a carregam nas mãos logo cedo; outros só vão se dar conta dela mais tarde; outros podem nunca perceber que ela estava ali, só quando ela estoura; e outros, imagina só, brincam com ela como se ela nunca fosse estourar! Até parece!!! Todo mundo sabe que a única verdade imutável deste mundo é que todas as bolhas de sabão estouram um dia.
A Menina era uma dessas pessoas que logo cedo descobriu sua bolha de sabão. E mais cedo ainda descobriu que cedo ou tarde, ela se esvairia, transparente no ar. A Menina, na sua meninice, descobriu também que tinha que carregar a bolha com cuidado, pelos caminhos da vida afora. Jogar a bolha de mão em mão era até gostoso, mas sempre lhe lembrava que hora ou outra essa bolha ia estourar. E isso não era nada gostoso. Não era gostoso menina na meninice descobrir que hora ou outra a bolha estoura. Não era não. Deixava a meninice com um pouco de adultice, sabe como é? Fruta que madura antes no pé?!
Menina na meninice não entende bem essas coisas de bolha de sabão e de bolha de sabão que estoura. Porque menina na meninice sabe mais é que tem uma bolha lá, bonita, legal a beça, pra gente brincar a beça!! Quer mais é se divertir com ela, nem pensa que bolha de sabão pode estourar. Tudo pode acontecer, menos acabar a brincadeira de ser menina na meninice com bolha de sabão para brincar até láaaaaaaaa longe..... Mas essa Menina da nossa história era uma menina diferente, que já na meninice entendia tudo isso, que as vezes nem gente grande sabe! E por isso tinha horas que aquela bolha pesava um tantão assim, ô!! Então a Menina falava bem baixinho pra um ou outro que cruzava seu caminho: "Ajuda a carregar, ajuda?"
F.L.
A Menina passeia pelas estradas, olha uma flor aqui, um pássaro ali, corre um pouco, ofega, descansa sentada perto de uma árvore de maçãs. Anda outro pouco, brinca com o vento, com as borboletas coloridas. E leva na mão sua bolha de sabão, que ela insuflou há muito tempo, lá longe... e desde então a carrega nas mãos. Com delicadeza ela a passa de uma mão para outra, jogando cuidadosamente. Brincando com a fragilidade e força daquela bolha, que ainda mantem-se translucida e brilhosa nas suas mãos. É sua eterna companheira. Aonde esta, a bolha esta. Sempre com ela, junto a ela. Sabe, isso as vezes cansa, chateia e então ela tem vontade de estourar logo aquela bolha chata, arremessar para bem longe dela! As vezes até faz isso, imagina só! E a bolha fica fraca, quase transaparente, parecendo que vai se dissolver no ar. Daí as vezes ela se apavora, com medo de ficar sem a bolha e corre logo a cuidar dela. Outras vezes, bem, outras vezes esta tão cansada que nem liga, imagina!
Dizem lá no vilarejo que ela mora, que todos temos a nossa bolha de sabão conosco. Alguns a carregam nas mãos logo cedo; outros só vão se dar conta dela mais tarde; outros podem nunca perceber que ela estava ali, só quando ela estoura; e outros, imagina só, brincam com ela como se ela nunca fosse estourar! Até parece!!! Todo mundo sabe que a única verdade imutável deste mundo é que todas as bolhas de sabão estouram um dia.
A Menina era uma dessas pessoas que logo cedo descobriu sua bolha de sabão. E mais cedo ainda descobriu que cedo ou tarde, ela se esvairia, transparente no ar. A Menina, na sua meninice, descobriu também que tinha que carregar a bolha com cuidado, pelos caminhos da vida afora. Jogar a bolha de mão em mão era até gostoso, mas sempre lhe lembrava que hora ou outra essa bolha ia estourar. E isso não era nada gostoso. Não era gostoso menina na meninice descobrir que hora ou outra a bolha estoura. Não era não. Deixava a meninice com um pouco de adultice, sabe como é? Fruta que madura antes no pé?!
Menina na meninice não entende bem essas coisas de bolha de sabão e de bolha de sabão que estoura. Porque menina na meninice sabe mais é que tem uma bolha lá, bonita, legal a beça, pra gente brincar a beça!! Quer mais é se divertir com ela, nem pensa que bolha de sabão pode estourar. Tudo pode acontecer, menos acabar a brincadeira de ser menina na meninice com bolha de sabão para brincar até láaaaaaaaa longe..... Mas essa Menina da nossa história era uma menina diferente, que já na meninice entendia tudo isso, que as vezes nem gente grande sabe! E por isso tinha horas que aquela bolha pesava um tantão assim, ô!! Então a Menina falava bem baixinho pra um ou outro que cruzava seu caminho: "Ajuda a carregar, ajuda?"
F.L.
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