segunda-feira, 24 de maio de 2010

Sobre o amor – parte I

Saiu na revista Cult desse mês um especial só sobre o amor, pela ótica da psicanálise, da filosofia, da literatura, e mais alguns outros ensaios sobre outras óticas. Provavelmente tomados pelo mês dos namorados que inicia já na próxima semana, eles decidiram fazer esta matéria. O interessante de ver todos esses pontos de vista diversos, é porque nos re-lembra a pluraridade de coisas que compõem um sentimento como o amor. E daí ao ler a matéria, fiquei divagando sobre as des-razões do amor, como já diria Pascoal.

Ao crescer você começa a perceber que tudo é bem mais complexo do que se imaginava, que o mundo não se divide maniqueistamente apenas. E penso que a primeira coisa que vc entende que é muito mais complexa e sobredeterminada é o amor mesmo.

Des-razão do amor quando vc é adolescente parece um mito romântico, sobre essa coisa do eu te amo e não sei porque, há tantas razoes para não amar, mas há uma para amar e daí eu amo e tudo é maravilhoso. Isso é lá, adolescente. Hoje pensar na des-razao do amor é pensar realmente nessa complexidade que compõem este sentimento – e daí vale o amor em qualquer esfera, não só sexual. As complexidades que estão, por exemplo, na ambigüidade de amar e não amar ao mesmo tempo, e com a mesma intensidade.

Quando eu era adolescente eu achava que tudo era bem simples. Certo e errado, sim e não, pronto. Fácil de decidir, fácil de fazer escolhas, fácil de seguir os caminhos, fácil de se manter neles, fácil de julgar. Tudo era fácil. Agora, mais adulta, eu percebi que as coisas se dão em emaranhados, com vetores diversos em um campo tão cheio de fios como este... Estes emaranhados as vezes são mais fáceis de transitar, as vezes até são estes fios mesmos que nos embalam carinhosamente, nosso aconchego, nosso porto seguro querido, ou então que nos sustentam pela vida a fora, nos empurram para mais longe quando achamos que não seriamos capazes de ir, nos freiam quando nos colocamos em risco. Porém tantas e tantas vezes são estes mesmos fios que nos impedem de caminhar mais longe quando assim poderíamos fazer. E também são eles que podem se transformar em verdadeiras armadilhas que caímos e construímos para nos mesmos ao longo do caminho.

Mas junho nem entrou ainda, então isso aqui é só o fragmento de uma discussão que ainda vai longe.

Fe Lopes - i'go where true loves go






Nenhum comentário: