sábado, 28 de novembro de 2009

ATO MÉDICO

LEIA, ISTO VAI MUDAR A SUA VIDA TB!




Pra quem não sabe, foi aprovado no congresso o Ato Médico.

 

Ato médico é um projeto de lei que há 4 anos tem sido debatido e que torna exclusivo o diagnóstico e a prescricão de qq terapeutica pelo médico - exclusiva significa proibida aos outros profissionais.

 

Ou seja, se uma criança precisa de atendimento psicológico pq não esta indo bem na escola, precisa antes que um médico diagnostique o que ela tem (!!!), e decida que é de atendimento psicológico que ela precisa, prescreva o tratamento, o modelo de tratamento e a duração do mesmo (esta já uma realidade para quem trabalha com convênios). Isto vale para todas as demais problemáticas de saúde que envolvam outros profissionais que não os médicos - nutrição, t.o., fisioterapia, educação física, fonoaudiologia... É uma mudança drástica que envolve o profissional e o usuário!

Lembrando que todas estas profissões são regulamentadas e reconhecidas por lei.

Quem não é médico, sabe o quanto brigamos para sermos reconhecidos durante todos estes anos. E quanto já ganhamos em termos de autonomia profissional, e em composições de equipes mais horizontais e muito menos centralizadoras no saber médico. O Ato Médico é um retrocesso, é voltar a verticalização da saúde. É desconsiderar o saber e autonomia dos outros profissionais. Além de desconsiderar a autonomia dos usuários frente ao seu sofrimento.

Vale lembrar que a prescrição de medicação e de outros procedimentos médicos é atividade exclusiva do médico. Só ele tem conhecimento para isto. Ele estudou para isto. Dificuldades escolares, personal trainner, gagueira, etc... pra tudo isto, outras pessoas estudaram e o diagnóstico preciso só pode ser feito por estas pessoas. Portanto são estas pessoas que devem continuar cuidando destes assuntos. Se o médico tivesse estudado todas estas coisas, não teriamos as demais profissões, não é mesmo?

Ainda é necessário que o projeto seja aprovado no Senado. Se assim como eu, vc acha este projeto um absurdo, se manifeste! Envie um email no site do senado www.senado.gov.br e divulgue aos amigos!



segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Rapidinha sobre a Inclusão

Ontem eu assisti ao filme Vermelho como o Céu. Um filme lindo, sobre um garoto cego. E quando o filme acabou eu percebi que eu sou absolutamente a favor da inclusão destas crianças e de outras tantas com outras deficiências, em classes regulares de ensino. E quando digo isto, talvez esteja dizendo que sou  favor de uma escola nova que não sei bem como seria. Pq não basta criar rampas, ter 1 aluno deficiente entre 1000... Tem que fazer rampa na cabeça. Mudar a mentalidade. Eu ainda não sei como. E sei que é muito complicado. Que é difícil, complicado, que os professores não tem formação pra isto... tudo isto eu já sei. Mas nem por isto eu posso me acomodar. Pq eu posso não saber fazer, e por não estar na pele da escola, ficar num lugar confortável de dizer o que acho certo e o que acho errado, largando a bomba pra escola - não é esta a idéia, e sim compor. Percebi qe mesmo não sabendo como é preciso me posicionar eticamente frente a questão. E decidi ser radical, e não optar pelo conforto. Nem mesmo na posição politicamente correta da inclusão. Eu não sou só a favor da inclusão, eu sou a favor da suposição de que existe um sujeito ali. Sempre.

F. L. - precisando de um agente de inclusão na sua escola? Me contrata! 

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Desabafo rapidinho, no meio da tormenta

Cara!
Ser psicanalista de consultório particular é muito foda.

F.L. - respira fundo, vamos lá!

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Rapidinha sobre a Mostra de Cinema de SP

33a. Mostra de Cinema de Sao Paulo

Bom, pra quem era virgem em Mostras de Cinema, ter assistido 2 filmes - até o final quero ver se consigo ver mais - já é um bom começo!

Lágrimas de Abril (Käsky) 2008 - Finlândia
Guerra Civil Finlandesa, abril de 1918 [nem sabia q tinha tido guerra na Finlandia. Aliás, não sabia nada da Finlândia!]. Os brancos vitoriosos caçam os guardas vermelhos remanescentes. Cerca de 2.000 mulheres lutaram entre os soldados vermelhos, entre elas Miina Malin, comandante do esquadrão feminino. Após escapar do fuzilamento, Miina é recapturada por Aaro Harjula, um soldado branco que acredita em justiça e dignidade. Contrariando as ordens de seu superior, Harjula decide levar Miina à corte marcial para ser julgada. Durante o trajeto, acontece algo que mudará o destino dos dois...

Baseado no romance de Leena Lander, "Lágrimas de Abril" é um mergulho em um cenário de violência, miséria, poesia e desejos reprimidos, emoldurados por uma belíssima fotografia.


Lindo filme. Primeiro filme de guerra que me emociona. Atores ótimos - e lindos. História bem construída. Muito bonito mesmo. Recomendo.



Dente Canino - 2009 - Grecia.
Direção: Yorgos Lanthimos
Vencedor do prêmio de melhor filme da mostra Um Certo Olhar do Festival de Cannes, 2009.
Pai, mãe e três filhos vivem nos arredores de uma cidade. A casa é isolada por uma alta cerca que os filhos nunca puderam ultrapassar. Eles são educados, entretidos, entediados e exercitados da maneira que seus pais acham correto, sem nenhuma interferência do mundo externo. Acreditam que o avião que veem passando ao longe no céu é um simples brinquedo, e zumbis são flores pequenas e amarelas. A única pessoa autorizada a entrar na casa é Christina, que trabalha como segurança no escritório do pai e visita o filho a fim de satisfazer suas necessidades sexuais. Toda a família gosta dela, em especial a filha mais velha. Um dia, Christina dá a ela uma bandana que brilha no escuro e pede uma outra coisa em troca. (http://www.mostra.org/exib_filme.php?filme=379)


Incrível! Na vibe do Anticristo, mas com toques de humor. Muito interessante para pensar a genêse da psicose.



F.L. - cinemaniaca

domingo, 1 de novembro de 2009

Des-PONTECIA

Existem certos encontros que produzem uma sensação de despotência. Todo mundo passa por isto. Você pode até não identificar, mas você passa (ou vai passar). Eu passo. E daí sinto um esvaziamento mesmo. Eu nunca sei mensurar ou explicar exatamente porque, quando, como, mas eu sinto na pele este vazio. De repente, puff. Se esvazia. E é muito violento. Pelo menos comigo.



E quando este vazio aparece e resolve se alocar em mim, eu não fico deprimida. Eu acho tudo chato, sem graça, imbecil, burro, fico com raiva e apática. Cinza. Porque não é um vazio meu, é um vazio vindo de um encontro que foi capaz de produzir esta afetação. Neste sentido não é um encontro vazio, daqueles que não produzem nada. Pelo contrário. Produz um efeito avassalador de vazio. Solidão imensa. Daquelas que parecem jamais ter solução.


As vezes eu sinto isto nos encontros de psicanálise. Acho tudo chato, besta. Acho as pessoas e seus maneirismos um porre. Acho o vocabulário afetado, fechado, soberbo. Acho os comentários repetitivos, burocráticos, sem nenhuma abertura para o novo.

Acho as mulheres e seus sapatos de bico quadrado chatérrimamente iguais – e olha que eu também tenho alguns destes sapatos aí. Os jargões, os papos, os cortes de cabelos modernos, as cores, as roupas, os colares grandes e coloridos, os temas, as conjecturações... tudo isto um amontoado de repetições chatas.


Eu sempre penso, mas ainda não consegui botar em texto esta história, que o fazer clínico esta na mesma direção do fazer artístico. Na quietude do artista em seu processo de criação. Na bohemia das noites mal dormidas. No flerte fronteiriço com a loucura e a depressão - único local possível que penso para nascerem as genialidades. No tesão e no frisson da criação posta em ato. No narcisismo - por que não? Mas sobretudo, na ousadia em ser aquilo que você é. O artista – no meu idílico do que é o artista – é alguém que ousa ser quem é e faz disto sua obra prima. Ousa pintar daquele jeito que ninguém nunca antes pintou. E não porque é ou quer ser genial. Também. Mas simplesmente porque não consegue fazer diferente. Tem que ser daquele jeito. Ousa pensar o diferente. Ousa expor o diferente, apesar das críticas ou paixões que possa despertar. E assim faz nascer a arte. E o encantamento. O artista, neste sentido, é sempre revolucionário e anti-heroi.


Quando encontro um amontoado de gente igual, falando igual, repetindo chavões que nem elas mesmas compreendem, eu me bodeio porque acho que, antes de mais nada, a psicanálise é local de revolução – do analista, do sujeito, da pratica, da teoria, da historia.... A psicanalise nasceu assim, quebrando paradigmas – criando outros, claro – ousando dizer o indizível. Correndo o risco de ser taxada de maluquice, bruxaria e o que mais você quiser dizer. Cheia de teóricos-artistas, que produziram rupturas com sabereres e conhecimentos até então sacralizados. Que ousaram ser loucos. Apaixonados pelas suas disciplinas, tomados por elas, em produções incessantes de conhecimento visceral. Na contra corrente de uma idéia, anti-herois por natureza, com vidas pessoais interessantíssimas, e interesses tão diversos quanto suas produções. Sem medo de dizer as bobagens que fizeram. E com muito medo também, tateando no escuro um sujeito e suas manifestações – neste sentido, todos bem humanos.

F.L. - divagando....