Então é assim. Adeus. Sem bilhete, telefonema, carta, telegrama. Fim. Desapareceu no ar. Acordou e nada mais foi como ontem. E agora ela ficou ali, só ela e as paredes... até ontem, paredes-roupas-corpos-urgência-sem roupa-paredes-corpos-gelado-suor-enfim. Até ontem. Hoje não mais. Sei lá o que aconteceu. Acabou, foi isto. Sem indícios? Ou foi ela que não se deu conta? Mas, de que importa? O que importa é que agora ela se mantem ali, inerte, olhando o vazio, contemplando as paredes, assistindo a um filme, o filme das paredes. Segue sem expressão. Ali, esperando que, sei lá, de repente, a porta se abra novamente. Quem sabe?, disse sua amiga.
Telefone, toca, será? alô? Será? Amiga. Droga. Amiga-droga. Amiga que liga nesta hora só comprova que não é ele que ligou. Droga. Até aquele instante ainda tinha a esperança [sempre derradeira] de que fosse ele, e que suspirasse ao seu ouvido e lhe dissesse algo. Qualquer coisa. Desde que qualquer coisa fosse "em 5 minutos estarei ai pra você". Veja, não é com. Não foi erro de digitação. É que agora, na altura do campeonato, ela precisa de um pra - pra deixar de estar com este vazio que sentado ao lado dela, lhe faz companhia, assistindo aos filmes exibidos pelas paredes.
2 comentários:
o filme das paredes é mais chato que godard, mais profundo que fellini, mas retrato do vazio que "As Horas"... como um eu estático que grita por uma imagem menos vívida de si no espelho do concreto...
adorei...
mas que angustia naum?!
bjo bjo
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