terça-feira, 3 de junho de 2008

Fim

Então é assim. Adeus. Sem bilhete, telefonema, carta, telegrama. Fim. Desapareceu no ar. Acordou e nada mais foi como ontem. E agora ela ficou ali, só ela e as paredes... até ontem, paredes-roupas-corpos-urgência-sem roupa-paredes-corpos-gelado-suor-enfim. Até ontem. Hoje não mais. Sei lá o que aconteceu. Acabou, foi isto. Sem indícios? Ou foi ela que não se deu conta? Mas, de que importa? O que importa é que agora ela se mantem ali, inerte, olhando o vazio, contemplando as paredes, assistindo a um filme, o filme das paredes. Segue sem expressão. Ali, esperando que, sei lá, de repente, a porta se abra novamente. Quem sabe?, disse sua amiga.
Telefone, toca, será? alô? Será? Amiga. Droga. Amiga-droga. Amiga que liga nesta hora só comprova que não é ele que ligou. Droga. Até aquele instante ainda tinha a esperança [sempre derradeira] de que fosse ele, e que suspirasse ao seu ouvido e lhe dissesse algo. Qualquer coisa. Desde que qualquer coisa fosse "em 5 minutos estarei ai pra você". Veja, não é com. Não foi erro de digitação. É que agora, na altura do campeonato, ela precisa de um pra - pra deixar de estar com este vazio que sentado ao lado dela, lhe faz companhia, assistindo aos filmes exibidos pelas paredes.